Entrevista sobre turismo adaptado com Laura Martins, autora do blog Cadeira Voadora
Com o objetivo de trazer aqui no blog da Leroy Viagens mais conteúdo sobre turismo adaptado, resolvemos entrevistar a Laura Martins, nossa cliente e amiga que tem muita propriedade e vivência para falar sobre o assunto.
Laura é apaixonada por viagens e por isso criou o blog Cadeira Voadora. Por meio da escrita ela mostra que a cadeira de rodas não é impedimento para ganhar o mundo!
Espero que você goste, se inspire e também aprenda muito com este conteúdo!
1. Laura, nos conte um pouco sobre você:
Sou formada em letras e pós-graduada em revisão de textos. Além de dar aulas de português por um tempo, trabalhei por muitos anos com redação e revisão de textos na Assembleia Legislativa, até chegar o momento de me aposentar.
Tive e tenho vários hobbies, mas o meu principal sempre foi escrever. Interrompi muitas dessas atividades por falta de tempo, mas assim que passar essa quarentena pretendo me dedicar ao menos a um hobby que fuja do universo da leitura e escrita. Agora que estou aposentada e me dedicando exclusivamente ao blog, terei mais tempo para isso.
2. Qual é a sua história com a cadeira de rodas?
Aos 5 anos tive uma inflamação na medula que ocasionou uma paraparesia de membros inferiores, que é uma perda parcial da sensibilidade e dos movimentos. Por isso, por alguns anos usei aparelho ortopédico e bengalas canadenses para me locomover. Usava cadeira de rodas também, mas apenas dentro de casa.
Sempre gostei muito de viajar, mas mesmo que fosse mais fácil fazer isso usando apenas aparelho ortopédico e bengala, sempre optava por levar a cadeira de rodas, por não dar conta de percorrer longas distâncias sem ela. Com o tempo, escolhi utilizar exclusivamente a cadeira de rodas, pois assim evito os problemas que a bengala e o aparelho ortopédico estavam me trazendo, como, por exemplo, sobrecarga nas articulações devido ao excesso de força muscular. Com isso, perdi um pouco da independência para sair e viajar, mas economizo força e energia, evito quedas e me canso muito menos.
3. O que te incentivou a criar o blog Cadeira Voadora?
Mesmo gostando muito de viajar, fazia isso pouco, já que até a década de 80 era muito difícil para uma pessoa com deficiência sair de casa, pois não havia acessibilidade nenhuma. Além disso, por muito tempo eu não tinha dinheiro para investir nesse tipo de experiência, até porque a viagem para uma pessoa com deficiência tende a ser mais cara devido a necessidades específicas, então é difícil, por exemplo, conseguir quartos standard acessíveis, entre outras coisas.
Então, quando comecei a viajar com mais frequência, me dei conta de que seria um desperdício tanta experiência ficar restrita a apenas meia dúzia de pessoas que eu conseguia atingir só com o boca a boca. Cheguei à conclusão de que outras pessoas com deficiência não precisavam passar novamente por todas as dificuldades, surpresas e aprendizados que eu adquirira à medida que viajava. Foi por isso que, em 2011, criei o blog Cadeira Voadora, que é um canal para dividir minhas experiências de viagem com outras pessoas.
O blog começou com foco nos cadeirantes. Mas aos poucos comecei a atender demandas que chegavam de pessoas com outros tipos de deficiências. Por isso, o Cadeira Voadora tem hoje um público que vai desde crianças a idosos com diferentes tipos de deficiência, como cegueira, surdez, autismo, entre outras. Além disso, tenho leitores que sem deficiência, mas que gostam de aprender, se informar e aproveitar as dicas de viagem.
Os assuntos tratados no Cadeira Voadora também são diversos. Aos poucos fui acolhendo no blog tudo aquilo que pode empoderar a pessoa com deficiência, como forma de incentivá-las a alcançarem autonomia. Autonomia é a condição de fazer escolhas que dizem respeito à própria vida. Como a deficiência tira um pouco da independência da pessoa, acabam roubando também um pouco da sua autonomia, pois os outros passam a fazer escolhas por ela.
4. O que um lugar (hotel, ponto turístico, entre outros) precisa ter para ser considerado acessível?
Para algo ser acessível é necessário seguir normas específicas e oferecer autonomia e segurança.
A autonomia tem a ver com a possibilidade de fazer o que eu quero e preciso, sem ter que aguardar o momento em que outro pode me ajudar, como acontece com qualquer pessoa. Se durante o café da manhã de um hotel, por exemplo, eu quiser comer ovos mexidos, mas não conseguir alcançá-los por estarem no alto do balcão de self-service, eu não tenho autonomia. Se eu precisar pedir ajuda para realizar as tarefas, esse lugar não pode ser considerado acessível.
Já um exemplo relacionado a segurança é: se eu for me hospedar em um hotel que conta com uma rampa mais inclinada do que a norma permite, ele não pode ser considerado acessível. De acordo com a lei, as rampas precisam ter uma inclinação máxima para oferecer segurança e autonomia para que um cadeirante passe por ela sozinho, sem risco de queda.
“Costumo dizer que o que é bom e oferece conforto para uma pessoa com deficiência, é bom para qualquer pessoa”
5. Qual a diferença entre turismo adaptado, acessível e inclusivo?
Tenho a opção de adaptar o que não nasceu acessível. Coloco uma rampa, um elevador, botões com braille no elevador ou faço uma reforma. Para esses casos é correto dizer que o local é “adaptado”, e não necessariamente “acessível”.
Como expliquei acima, para ser acessível precisa oferecer autonomia e segurança.
Muitas pessoas também entendem mal o termo “inclusivo”. Incluir é possibilitar que uma pessoa faça parte. Parece simples, mas não é. Eu costumo explicar isso com o seguinte exemplo: se em um parque de diversões eu faço uma roda gigante só para cadeirantes, esse parque não é inclusivo, pois o cadeirante não está fazendo parte, mas está sendo segregado.
Inclusão é quando uma pessoa com deficiência pode usar o mesmo ônibus, entrar nas mesmas lojas, academias e parques de diversão que todo mundo usa. Se existir, por exemplo, um museu só para surdos, isso não é inclusão, isso é segregação.
“Inclusivo é tudo aquilo que permite que todos façam parte. Inclusão não é só para pessoas com deficiência, mas para todos.”
As empresas, hotéis, restaurantes, entre outros serviços e locais turísticos, precisam ter o propósito de se tornar um lugar para todas as pessoas, ainda que eventualmente haja falhas nas adaptações. Mas precisamos melhorar sempre!
6. Como cadeirante, como é a sua relação com viagens?
Para mim viajar é sair de dentro de si para poder acolher o universo do outro, é quando eu empatizo o suficiente com o lugar onde estou para voltar com aquela cultura dentro de mim, pra poder aprender com a comida do outro, com a forma que o outro tem de encarar as relações afetivas, com a arte, a arquitetura… Isso pra mim que é viajar.
Para ser honesta, nem sei exatamente quantos países já visitei, pois não acho importante contar quantos carimbos tenho no passaporte, mas sim valorizar as experiências que vivi. Acredito que uma viagem para a casa da avó que mora na cidade ao lado pode ser tão enriquecedora quanto outra internacional.
Tenho leitores que antes não saíam de casa para nada, mas hoje já fazem coisas que podem parecer banais para quem não tem deficiência, como fazer compras no sacolão. Se comprar frutas em um mercado da Espanha pode ser um acontecimento para muitos, para algumas com algum tipo de deficiência a emoção pode ser parecida, ao fazer compras em um mercado perto de casa.
7. Quais destinos você já visitou com o apoio da Leroy Viagens? Como foi sua experiência com os roteiros personalizados preparados pela Roberta?
Já fui para Portugal, Espanha, Porto de Galinhas, Praia do Forte e Arraial d’Ajuda com o apoio da Leroy Viagens. A experiência foi muito positiva!
Uma característica que admiro na Roberta, e que qualquer prestador de serviço deveria ter, é que ela te escuta e presta atenção de verdade no que você quer. Ela realmente presta um serviço personalizado e se esforça ao máximo para oferecer o que você precisa.
Quando você fala com a Roberta que precisa de algo específico, ela não se detém no que não pode fazer, mas, sim, busca as formas de resolver a situação.
“Para uma pessoa com deficiência isso é “O” diferencial, porque cada um tem demandas específicas, que muitas vezes precisam de soluções diferentes”
Em mais de uma viagem que fiz com a Roberta, solicitei que ela confirmasse se os hotéis eram acessíveis de verdade. Ela então me perguntou o que era acessível para mim, ou seja, ela se preocupou em saber minhas necessidades específicas! Ela pergunta, quando não tem certeza de algo. E, se precisar, constatei que até briga com os fornecedores para que ofereçam tudo o que preciso. Isso é muito importante para as pessoas se sentirem seguras e, como eu já disse, a segurança é fundamental para alguém com deficiência, para um idoso ou uma gestante. Na verdade, segurança é fundamental para qualquer pessoa!
8. Como foi a experiência da sua primeira viagem internacional? Você já viajou sozinha?
Minha primeira viagem internacional eu fiz sozinha. A certeza de que eu daria conta era maior que o medo e a ansiedade que estava sentindo. Mas acho que não sirvo como parâmetro, porque sou aventureira demais e, quando coloco na cabeça que vou fazer alguma coisa, não descanso até realizar! Além disso, sei da minha capacidade de me virar e tenho uma confiança natural na vida, nas pessoas e no mundo. Não que eu seja boba e vá deixar as pessoas me passarem a perna, mas confio que vou encontrar as pessoas certas, caso precise de ajuda.
Na minha primeira viagem para o exterior, fiquei 3 dias sozinha em Paris, pois um amigo que mora na Suíça e que iria me acompanhar não poderia ficar todos os dias comigo. Sabendo que eu iria passar alguns dias sozinha, escolhi uma hospedagem localizada em um lugar onde daria conta de sair e voltar sozinha, em uma região relativamente próxima aos lugares aonde eu queria ir. O resto, era enfrentar os meus medos!
Além disso, antes da viagem consultei meu homeopata, e ele me receitou remédios para usar se o medo fosse tão grande a ponto de me impedir de sair do quarto. São coisas que a gente precisa pensar. Mesmo sendo corajosa, preciso ser uma corajosa responsável, e eu sabia que poderia acontecer um medo paralisante. Por isso, me preparei com antecedência.
“O principal instrumento da vida de uma pessoa com deficiência precisa ser o planejamento!”
9. Qual o seu conselho para outros cadeirantes em relação a viajarem sozinhos ou acompanhados?
Eu só viajei sozinha depois de entender que tinha autonomia para isso. A autonomia é ser capaz de tomar decisões, mas ela não existe sem autoconhecimento, porque você precisa saber o que dá conta de fazer e, também, se vai conseguir ser resiliente na hora em que se deparar com os desafios.
Meu conselho é: antes de se aventurar em uma viagem sozinho ou sozinha, analise os locais próximos de casa, comece indo desacompanhado ao shopping ou ao médico. Depois de já compreender os apertos que pode vir a passar, você vai alçando voos maiores. Analise se tem condições de executar as necessidades de vida diária sozinho, se dá conta de ir ao banheiro ou comer sozinho, por exemplo. Além disso, você consegue conversar com um desconhecido na rua ou fazer o seu pedido em um restaurante onde falam outra língua? Então, a única pessoa que consegue analisar se vai conseguir viajar sozinho é você mesmo.
Mas, caso não consiga lidar bem com frustrações, é melhor não viajar sozinho nem acompanhado, pois às vezes a própria companhia pode trazer aborrecimentos. Faz parte da vida.
10. De todos os lugares que você foi no exterior, quais destinos estavam mais preparados?
É comum me fazerem a pergunta sobre quais países são mais acessíveis, mas é importante lembrar que os países não são acessíveis, mas sim algumas cidades ou parte delas. A tendência é que determinados países fiquem mais acessíveis porque as pessoas têm mais acesso a educação e a emprego e vão forçando essas mudanças.
Várias cidades em que houve guerras foram reconstruídas levando-se em conta a acessibilidade. Dessa forma, muitas cidades do exterior já renasceram mais preparadas para serem habitadas ou receberem visitantes com mobilidade reduzida.
Tem países que eu não conheço e que as pessoas dizem que são acessíveis, como o Japão, por exemplo. Mas acredito que são acessíveis apenas as cidades maiores, pois foi isso que vi em lugares considerados muito acessíveis, como Espanha, por exemplo.
Barcelona, que muitos consideram um destino que acomoda bem pessoas com mobilidade reduzida, não conta com todas as estações de metrô ou todas as ruas acessíveis, por exemplo. As obras de Gaudí não têm acessibilidade. No site da Catedral Sagrada Família, informam que o local é acessível para cadeirantes, mas já na entrada deparamos com uma rampa da construção original e que é íngreme demais. O cadeirante não consegue se locomover sozinho no local, então ela não oferece autonomia e nem segurança. Portanto, não tem acessibilidade.
Já na Casa Milà, eles abrem a porta lateral para os cadeirantes entrarem. Mas, se for preciso que um cadeirante entre pela porta lateral, todas as pessoas também deveriam entrar pela porta lateral, para que não seja uma situação segregadora. Se você visitar o terraço maravilhoso da casa Milà, verá que é originalmente cheio de escadas e não tem acessibilidade para cadeirantes. Mas poderia haver uma solução, como, talvez, um elevador panorâmico, para que o cadeirante consiga enxergar a construção do alto.
Londres é uma das cidades mais acessíveis que já conheci! O sistema de ônibus da cidade é muito bom. Já em relação ao metrô, nem todas as estações são adaptadas, mas grande parte já tem acessibilidade. Pelo menos tem um ótimo sistema que te informa se tem algum elevador estragado, por exemplo, ou em qual estação você tem que entrar ou sair. Mesmo com tudo isso, é possível encontrar problemas.
Em relação aos Estados Unidos, dizem que Miami é bastante acessível, mas não conheço. Já em Nova Iorque, que é considerada uma das cidades mais acessíveis do mundo, isso é real apenas no miolo de Manhattan, apenas no Midtown ou em alguns outros pontos específicos. Se você sair para os bairros mais afastados ou para os que estão sendo urbanizados recentemente, não encontrará acessibilidade. Se quiser passear à direita ou à esquerda do Central Park, em Upper East Side e em Upper West Side, também não vai encontrar acessibilidade, a não ser nos museus, mesmo assim parcial.
Todos esses exemplos foram citados para mostrar que essas cidades conhecidas como muito acessíveis, muitas vezes, contam apenas com acessibilidade parcial.
11. Há muita informação disponível sobre a acessibilidade nos destinos, hotéis e pontos turísticos?
Algo positivo é que os destinos, hotéis e serviços turísticos estão melhorando cada vez mais. Agora muitos deles têm site e apps que descrevem os itens de acessibilidade que oferecem. Também há apps, cuja iniciativa é de pessoas ou instituições não governamentais, oferecendo avaliação de locais no mundo inteiro.
12. Na sua opinião, como está o Brasil em relação à acessibilidade?
No Brasil já existem algumas iniciativas de inclusão em alguns destinos, mas são isoladas. Alguns destinos de praia, por exemplo, estão promovendo as praias inclusivas, mas isso não quer dizer que você vai encontrar uma cidade acessível no entorno deste local.
Um bom trabalho de praia inclusiva acontece em Porto de Galinhas. Mas a ONG que proporciona isso enfrenta grandes desafios para conseguir levar a acessibilidade ao restante da cidade.
No interior do estado de São Paulo, em uma cidade chamada Socorro, existe um hotel que oferece esportes radicais para pessoas com deficiência. Por isso, muitas pessoas falam que Socorro é acessível, mas não é verdade. O hotel-fazenda é que foi ficando acessível, forçando a barra para que a cidade se tornasse mais acessível também.
No Rio de Janeiro também há iniciativas de praias sem barreiras. Além disso, a cidade tem se adaptado, mas ainda não pode ser considerada acessível, mesmo se observarmos apenas a área turística. Um exemplo disso é que fui ao Maracanã assistir à abertura das Paralimpíadas e constatei muitas dificuldades.
Mas, em compensação, consegui usar o metrô do Rio com mais facilidade do que o de Nova Iorque. Eu adoro falar isso, porque, mesmo o Rio sendo uma cidade com tantos problemas, o metrô recebeu muitas intervenções e me atendeu melhor do que o de Nova Iorque.
Às vezes a gente fica reclamando do Brasil, mas é importante pensar que, mesmo no exterior, na maior parte dos casos, só a parte turística é acessível, e às vezes é algo apenas “para inglês ver”. A tendência é que a área turística vá ficando acessível mais rapidamente, por causa da demanda.
“Por isso o turismo é uma excelente ferramenta de inclusão, pois à medida que as pessoas viajam, vão exigindo que lugares e serviços se modifiquem.”
13. Quais foram as maiores dificuldades que você já passou em uma viagem?
Já passei por diversas situações difíceis, e uma delas foi durante o intercâmbio que fiz, em Newcastle upon Tyne, uma cidade muito antiga, que por sinal oferecia condições surpreendentes de acessibilidade.
Certo dia, esqueci no hotel o carregador da scooter que aluguei para me locomover durante aquele período. A bateria acabou na rua, e passei muito aperto! Foi falha minha, mas a cidade tinha que me oferecer condições de resolver uma situação como essa. Entrei no restaurante onde havia almoçado e perguntei se poderiam conseguir para mim um táxi adaptado. Então, me informaram que só havia um na cidade e, como era domingo, ficava reservado para o hospital.
A scooter que aluguei não era desmontável, pois uma situação como essa nem havia passado pela minha cabeça. Ainda bem que o rapaz do restaurante era muito preparado e cooperativo. Ele ficou mais de duas horas pendurado no telefone até conseguir um motorista que aceitasse carregar a scooter e colocá-la no porta-malas.
Por isso, no Cadeira Voadora eu compartilho minhas experiências, meus erros e acertos, para evitar que outras pessoas passem por problemas parecidos.
Em Nova Iorque aconteceu algo similar. A bateria da cadeira motorizada acabou, mas desta vez eu havia levado o carregador. O problema foi que, na loja de departamento Macy’s, onde eu me encontrava, não conseguia achar nenhuma tomada funcionando! Além disso, o sinal de celular era muito ruim. Eu queria entrar em contato com meus amigos para me buscarem, mas não conseguia. Fiquei três horas nessa situação até conseguir sinal e alguém aparecer para me buscar.
Em Gramado, quando fui visitar a Aldeia do Papai Noel, a moça que ficava na entrada me informou que não havia acessibilidade e que eu precisaria saltar a roleta. Mesmo questionando o absurdo do fato, o despreparo da funcionária era tão grande que precisei pedir para chamar o gerente. Era uma mulher, que me conduziu até o portão lateral, onde entravam os automóveis da manutenção. Nesse caso, faltou o que denominamos “acessibilidade atitudinal”.
14. Como você supera e lida com tudo isso?
Faço meditação e terapia, para não surtar e perder a coragem de sair de casa. Também me esforço para conhecer a legislação e saber dos meus direitos. Por isso, um outro trabalho que faço no blog é informar sobre esse assunto.
Penso que é muito raro não haver soluções para os problemas que a gente enfrenta. Em relação a lugares que não são acessíveis, por exemplo, basta procurar um arquiteto ou engenheiro especialista no assunto que ele vai encontrar uma solução! Existem normas sobre como as coisas precisam ser, mas falta fiscalização, tem muita corrupção e outros problemas graves que impedem o avanço em relação a temas como a acessibilidade.
15. Como você acha que a indústria do turismo pode auxiliar em relação ao turismo acessível?
Quando o turismo se capacita para ser inclusivo, isso significa que toda a cadeia precisa se transformar: restaurantes, hotéis, pontos turísticos, hospitais, transportes. Por isso o turismo tem tanta força e é uma excelente ferramenta para promover inclusão. Ele faz a acessibilidade e a inclusão caminharem mais rápido. É fácil constatar que os lugares mais acessíveis são os turísticos.
16. Qual seria sua mensagem/conselho para cadeirantes que possam ter receio de viajar ou que estão planejando sua primeira viagem?
A mensagem é que a pessoa jamais desista por achar que não vai dar conta, tanto por questões pessoais, relacionadas à própria deficiência, quanto por questões relacionadas à acessibilidade. Que sempre procure informações em blogs e sites de pessoas que tenham a mesma deficiência e que vivem tanto no país de origem quanto no de destino. Na maior parte das vezes, ela vai encontrar soluções para os desafios, ou, no mínimo, possibilidades. E, caso não encontre a solução agora, o sonho pode até ser adiado, mas a mensagem é que a pessoa nunca desista sem antes fazer uma pesquisa e um planejamento. Evidentemente, se não der conta de fazer isso sozinha, poderá procurar um profissional de turismo que tenha condição de auxiliar.
A gente cresce muito nesse processo de se empenhar, aprender a lidar com as frustrações e pesquisar formas para conseguir realizar os sonhos!
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